Feliz é o homem que consegue olhar para uma mulher, para todas as
mulheres, e ver a beleza de cada uma e a força de cada marca.
Assim como cada homem que andou sobre a Terra, minhas dívidas com
as mulheres são impagáveis. Começa com os 9 meses de colo compulsório coroado
com as dores do parto. Não tenho a menor ideia de quanto dói, mas pelas caras e
grunhidos, pela respiração ofegante, posso imaginar. No entanto, o sorriso que
vem quando o pequeno rebento sai de entre suas pernas e é entregue ao colo, ao
seio farto de leite, compensa (creio) qualquer dor.
Tenho dívidas com todos os tipos de mulheres. Com mães, tias,
avós, irmãs, namoradas, esposas, amantes, filhas e amigas. Sobretudo tenho
dívidas com mulheres anônimas, putas sofridas e solidárias, que me ajudaram em
minhas andanças pelo mundo Terra e pelo mundo Brasil. Que me acolheram e
protegeram quando o trabalho de repórter me levou a ver o lado mais feio dos
homens. Não da espécie, mas dos sujeitos barbados e bárbaros que impõem suas
vontades porcas pela força mesquinha das armas.
Aliás, uma das minhas grandes sortes é que as mulheres são muito
mais numerosas na minha vida do que os homens. Isso me deu uma perspectiva
diferente em relação ao mundo. Olhar a realidade pelos olhos de uma mulher é um
privilégio. Ver a beleza com a praticidade das mulheres é mais fácil do que
buscar a beleza pela construção racional da estética. Simplesmente gostar, e
com isso atirar-se à vida pelo prazer de gerar mais vida.
Um homem é capaz de grande generosidade. A mulher é generosa em
suas ações e doações. Sofro de um machismo às avessas. Creio infinitamente na
superioridade da mulher sobre a insignificância masculina. O homem precisa de
apoios e motores para lançar sua potência, insinuar-se como macho. Para a
mulher basta um olhar e seu visgo garante a presa.
Tenho grande admiração por mulheres de verdade, que carregam
marcas no corpo e na alma. Não vejo beleza em bibelôs, mas em pessoas que caem
e se erguem com valor e valentia. E isto as mulheres sabem fazer. Um pouco
deste dom deveria ser dado aos homens, que quando caem sempre precisam da mão,
amor e sexo de uma mulher para se recompor.
O ser mulher é uma incógnita para a maioria dos homens. Seus
porquês e para quês são absolutamente insondáveis. O homem, quando forma parte
de um “casal” se acredita seguro, sabedor do que quer sua parceira,
acredita-se, qual menino com estilingue, poderoso. Mas qual nada. É só um
convidado, que pouco vai além da cama. Não partilha e compartilha sonhos,
apenas come à mesa a comida que lhe é servida e à cama cumpre seu papel de
macho com pouco louvor.
Creio que por isso se criou um dia para as mulheres. Um dia em que
elas não precisam ser compreendidas pelos homens, apenas observadas, admiradas
e amadas. Feliz é o homem que consegue olhar para uma mulher, para todas as
mulheres, e ver a beleza de cada uma e a força de cada marca. Aos homens que se
escondem atrás de uma suposta “inteligência”, resta a frase: “As mulheres são
capazes de fazer tudo o que os homens fazem… e de salto alto!”.
Fonte. Carta Capital
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